… e assim do nada ao descer as escadas tropeço no passado, o futuro vem em arremesso contra a minha face, a minha mão agarrada ao corrimão do presente escorrega por ali em baixo num tombo sem norte pelo tempo…
Recordo em cada escada as lágrimas choradas, as amarguras reencontradas agora na podridão da madeira que se esbarra contra o meu nariz, as palavras já molhadas pelo suor do tempo estendem-se num desassossego louco neste silêncio de barulhos corrompidos dentro de mim…
Horas mortas em dias soltos, acasos vagos em repentes fartos e tudo a cair de mim, as coisas futuras arremessadas contra a face dão força à minha mão… o corrimão do presente escorregadio como o chão da sala quando chegam as chuvas…
Cada face se encontra presa em mim em cada grilhão desta corrente maciça que teima em unir-me ao passado cabisbaixo que tive, cada assombração perpétua teima em pisar-me contra a madeira das escadas… este tombo sabe a forte e a fraco ao mesmo tempo… Ajuda-me a pegar o corrimão do presente que se me escorrega das mãos, ajuda-me a acreditar e lutar por todas estas coisas lindas que vêm com o futuro arremessado contra a minha face…
… neste tombo eterno contra a podridão da madeira dos instantes admito que o tempo não me pertence mas é meu… tenho de o viver o melhor possível e ao teu lado encontro a paz que preciso para o fazer…
. façam de conta que eu não estive cá .