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" Avesso do égo"

 
" Avesso do égo"
 
Há qualquer coisa de infinito em cada um de nós. Uma projeção de nossas possibilidades para o além de nossos próprios limites. A insatisfação com as barreiras de si mesmo...os limites do ser e da carne...a reverência compulsória...a fraqueza humana...

O projetar-se para fora de si mesmo é uma exigência tão forte, como falar as palavras aos ouvidos e ao coração de uma outra pessoa...

O discurso solitário denuncia a loucura pela incapacidade de comunicar-se. Queremos ir além dos nossos passos, tocar para lá da extensão de nossas mãos, ver o invisível, ouvir as insinuações do inevitável, sentir as palpitações da terra e o sabor do fogo em nossas entranhas...

Somos irremediavelmente exigentes.

A vida dentro da história é curta demais para conter nossa ânsia de amar...

Somos sempre para além de nós mesmos, sentimos a emoção de um olhar a amargura de um adeus, a amizade perdida. O momento eterno de um encontro. Coisas que ficam entre os dentes, por debaixo da língua, salivadas no silêncio, por não existirem palavras que possam traduzí-las...

Existe em cada um de nós, um corte profundo, um buraco no meio da alma. Nessa fenda não há sinais de sangue, apenas uma grande abertura em forma de círculo...

Há dor...mas não uma dor física como aquela provocada pelo vidro que penetra a carne...É uma dor forte, forte como a vergonha e funda como uma amizade recusada...

As vezes por um momento nos julgamos saciados pelo poder, pelo dinheiro ou pela glória...

O vazio se manifesta...

Só a água pode saciar a nossa sêde...só o alimento pode matar a nossa fome...só os outros podem nutrir a nossa indigência. Sozinhos somos a derrota orgulhosa, a vitória mentirosa...

Há esse ímpto de ir além, de ultrapassar as fronteiras, de conquistar o inacessível. Não só o que está por cima, mas sobre tudo, o que está na raíz. Desprogrando a vida de todos os artifícios...

A veracidade de si mesmo traduzida em dom. O reencontrar de si no outro...

Essa vontade mágica de fundir-se em tudo e em todos, operando a síntese de todos os rumos, a equação de todos os cálculos, vencidas as desistências que tornam o nosso próximo tão distante...

Esse pão, essa água e essa paz, tem um nome alegre, familiar e profundo chamado: AMOR...

O círculo aberto é a crença de que os pássaros são capazes de voar para fora dos rumos dos ventos. De que somos capazes de amar uns aos outros por uma simples entrega. Os pássaros são determinados por sua própria natureza...não teem opção, as pessoas porém, estão condenadas a serem livres, e a serem livres numa só direção...

Assim como o vôo se faz de Luz, de Vento, de Espaço...o Amor e a Vida se fazem em meditações concretas.



Neturno....

 
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neturno
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