Tu, que estás aí, que não existes. Eu, que não sou nada e não creio existir. Serei eternamente aquela que escreverá em segredo Filosofias nunca antes escritas Ou escritas tão silenciosamente quanto as minhas E pensadas por mil almas que Pensam saber a imensidade da razão de ser dos seres, e do ser Se é que razão e seres coexistem de facto. Aparte de tudo o que me preenche este vazio Eu não sou mais que o vazio que preenche o tudo das coisas. Estou em cada partícula do espaço, Em cada partícula do ar que respiro, Em cada verso, em cada pensamento que se dissipa no tempo Esse Que o Homem criou na esperança de orientar Um estado de alma desorientado e inorientável À deriva num mar sem rumo Debaixo de uma Lua que queima E um Sol que ilumina. Ilusões? Certamente. Também eu vivo numa. Nessa que faz vaguear por aí todas essas almas desencontradas Na esperança de se encontrarem ou serem encontradas! Na ilusão de Te encontrar a Ti Tu, que estás aí, Tu que não existes. Porque neste próximo instante Apenas serei Eu. O Nada que creio existir num tempo errante.