Foquei os meus sentidos em ti
Sei que estavas lá algures
Ou ainda estás!
Perco o tempo o espaço
E tudo aquilo que conheço
E tudo aquilo para que vivo!
Procuro-te na multidão
Que vai atravessando a cidade
Numa agitação total…
Não estás!
Nunca estiveste nestes anos todos
Anos inteiros numa incessante procura
O que procuro?
É sempre essa a pergunta…
Procuro-te a ti meu amor.
Na sorridente memória que tive de ti.
Eu era criança
E vi-te partir na multidão
Eras uma mulher linda
Como nunca na vida vi.
Só agora percebo
Que a tua imagem
Já vaga e distante em mim,
Era uma recordação de ti
De como eras antes
Na noite em que te conheci
Numa vida anterior a esta.
A noite tinha uma lua cheia
E tudo era belo e agradável…
O céu era negro
E transportava estrelas brilhantes
Prometemos diante do mar
Até ao fim da nossa vida
“Por cada estrela um beijo!”
(Quem diria que a vida seria tão curta!)
E quem diria que esse mesmo mar
Onde prometemos eternizar a nossa vida
Te iria roubar de mim?
Vim à tona e procurei-te
Fui ao fundo e não te encontrei
Desci ainda mais fundo na vida
Pouco tempo também eu viajava
No mundo como um espectro
Ouvi na rádio o meu suicídio,
O país todo ouviu…
Vim para outra vida
E só agora e recordo.
Agora entendo o medo do mar…
O medo da perda…
Às vezes,
Em noites de lua cheia;
Olho o céu as estrelas
Algumas estrelas brilham
Foi as estrelas que beijamos
Outras mais tristes,
Sem brilho,
Tentam sorrir aos mortais…
Foram essas as tais
As estrelas que ficaram por beijar…