Estes dois poemas são inteiramente dedicados às mães.... às que felizmente podem usufruir deste dia com os filhos, e as que infelizmente os perderam um dia...
Mãe…
Mãe…
Quando tu partires…
Quem me acolherá nos braços?
Quem me contará as histórias
Que só tu sabes contar?
Pois foste tu que as contaste,
E que as escreveste no teu coração
Só para mim…
Só para eu as ouvir…
Mãe…
Quem passará as mãos nos meus cabelos
Quando os dias cinzentos chegarem,
Para me assolarem com os seus trovões?
Quem ajeitará os lençóis da minha cama
Quando o frio desejar a minha pele?
Quem me beijará o rosto
Com mil palavras de tranquilidade?
Quem acalmará o meu coração?
Dizendo que os monstros
Só existem na imaginação?
Quem passeará comigo
Por lindos jardins de amor
Pelas longas praias do teu coração?
Mãe…
Quando tu partires…
Quem me deitará sorrisos simples
Quando o meu infantil coração deixar
As lágrimas lavadas do meu sentimento
Escaparem por entre os meus olhos?
Quem será que fará tudo isto?
Ninguém minha mãe…
Ninguém!
Pois quando tu partires
Partirei eu também!…
Razão de existência… (A pior dor do mundo)
Sou fantasma!
Fantasma de mim próprio
e de um mundo…
próprio de mim…
Sou daqueles fantasmas
que gosta de voar…
Voar até ao nada
e até ao infinito
Viajo pelo mundo inteiro
Desde o mais lindo jardim
à mais humilde e solitária flor…
Desde a mais humilde casa
À mais luxuosa de todas…
Viajo para onde sinto amor
E por onde me magoa a dor…
Seja por onde for…
Eu posso lá estar
Mas desta vez
voei até um sitio onde nunca pensei voar
Ao mais bonito jardim
da mais bela casa que alguma vez encontrei
Tudo era belo!...
Haveria nesta amor de certeza!
Mas tudo o que lá encontrei
foi lágrimas e tristeza…
Lágrimas de um belo sentimento
de uma infantil saudade prematura…
Encolhida a um canto
de um quarto rosa sombrio
Uma linda mulher…
Na porta li…
um nome jamais esquecido
Em frente da porta,
lá bem no cimo
um relógio de cuco
cantando tristeza
O seu pêndulo
batendo como um frio coração…
Ao lado palhaços
sorrindo sem expressão…
A lua vai iluminado todo este quarto
Uma pequena cama ao fundo
de lençóis ainda amarrotados…
Lençóis cor de rosa…
Sinto o meu coração
cair aos bocados em cada palavra que escrevo…
Esta tristeza
faz-me voar
para um vazio ainda mais triste…
Voar;
para dentro da bela mulher
Sinto a sua respiração;
respiro com ela…
Sinto as suas emoções;
choro com ela…
Sinto os seus pensamentos;
chamo a morte dela…
Ao fundo o riso de uma criança…
Levanta-mos a cabeça
para ver a apenas ilusão…
O choro torna-se mais intenso,
mais surrealista!...
Olho para as molduras
ao lado da cama…
ornadas…de vazio…
As memórias vêm à cabeça
como retratos de luz…
Os passeios
Os dias na praia
O sol do fim de tarde…
Os sorrisos…
“ ─ Amo-te mamã…”
As lágrimas choram
o sangue da madrugada…
Fecho e abro os olhos carregados de revolta…
Fecho outra vez…
Quando os abro,
talvez uma última vez
Estou novamente à porta
diante da chorosa mulher
Aperto os dedos sentindo raiva para com o mundo
como se continuasse na mulher
Sinto um cabo de madeira
e uma lâmina fria na minha mão…
Aproximo-me da mulher…
Ela olha p’ra mim sorrindo
como se me vendo…
e como se esperando por mim…
Fecho os olhos uma ultima vez…
E apesar de ser apenas um fantasma…
Sinto sangue beijar-me a face
Como em jeito…
…de agradecimento…
…
Por: Tiago Freitas