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Purga d´Alma

 
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Tristes factos bateram-me á porta,e como sempre,educadamente peço-lhes que entrem e tomem os seus lugares na minha vida.
Apesar de já tanto ter pensado nestes e outros pesares,nada me havia preparado para o momento em que eles me haviam de sair na rifa.
Se uma parte de mim tenta racionalizar aquilo que está á minha frente á Luz daquilo que sou, outro lado meu tenta a todo o custo culpar o mundo, deus e os homens por todas as minhas desgraças.
Espantado com esta minha atitude calimérica, isto só me acontece a mim, isto só me acontece a mim!!!, tento apanhar os fios da merdada e continuar em frente.
De lágrimas no olho e pele de emocionadas galinhas nem consigo ver bem a verdadeira dimensão dos problemas tentando adequar soluções miopes e mesquinhas, as minhas, em situações que nascem e morrem sem passar no meu umbigo.
Dou por mim ainda mais triste e baralhado desejando uma doce hibernação que tudo solucionasse.
A medo encaro a Morte nos olhos e espanto-me ao ver nela uma velha amiga. Ela enternecida quase que fica triste por ainda não ser a minha hora.
Não precisamos de palavras para que tudo seja dito. A tristeza é quase uma inveja por ver alguém chegar ao fim antes de mim.
Surge a pergunta...
"Estás tu triste por perderes teu pai ou por teu pai te perder a ti?"
Desconfio que ambas são pontas dum mesmo fio embaraçado de décadas.
Enquanto este meu karma me carrega a pena encontro-me com todos para lá do bem e do mal e fazemos um idílico piquenique.
Agradeço a todos os deuses por me terem comido as escamas dos olhos e consigo sair trepando do meu fundo umbigo.
De mãos dadas com a Morte celebro a vida dançando.
Como se dum amor platónico se tratasse despeço-me d´Ela com um até logo tristonho.
Enquanto me afasto de mim descubro que a única coisa que me entristece na morte é a tristeza que o Homem sente quando ela chega. É como se não conseguissem receber alguém que à muito aguardavam.
Ainda que me julguem louco, a morte sempre me pareceu melhor que meias-vidas.


A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.

 
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Paulolx
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Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 12/05/2009 11:15  Atualizado: 12/05/2009 11:56
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 Re: Purga d´Alma
A maior luta que travamos é diária, e contra nós mesmos. A perda é um traço desta briga! Parabéns pelo belíssimo texto!
Maria verde