Fados : 

Copo de Vinho

 
São chamas de vida
as feridas que me encobrem a alma,
são gestos cansados,
é o coração gasto
pela maré desta tarde calma...

No leito onde dormes
já te sinto o cheiro que a noite encobre,
no vinho que tomas deito-me eu agora
enquanto em silêncio no copo me escondes.

Um dia amante outro dia mulher,
és tu quem decides,
às vezes o muito,
outros dias tanto,
assim mo pediste.

Não gasto as palavras, neste canto,
Não gasto o meu choro, neste pranto,
gastam-se-me as horas, a morte que afogas,
no meu corpo que se deita no copo de vinho...


. façam de conta que eu não estive cá .

 
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Margarete
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/05/2007 17:28  Atualizado: 24/05/2007 17:28
 Re: Copo de Vinho p Margarete
Versos bonitos, onde o primeiro verso me impressionou bastante, pela intensa melopéia (musicalidade) sugerida e evocações pela poetisa. Um intenso paradoxo no fim do poema, onde o algo é dito sem querer dizer, portanto uma bela e sentida poesia. Parabéns e saudações, godi.

Enviado por Tópico
Valdevinoxis
Publicado: 24/05/2007 18:37  Atualizado: 24/05/2007 18:37
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Localidade: Aguiar, Viana do Alentejo
Mensagens: 2118
 Re: Copo de Vinho
Godi dixit... e o Valdevinoxis subscreve.
Acho que és das melhores escritoras que já tive o prazer de ler, seja em prosa ou poema. Tens um senão, que é centrares-te muito na temática.

Valdevinoxis

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/05/2007 18:47  Atualizado: 24/05/2007 18:47
 Re: Copo de Vinho
Bebi este copo de vinho
e bebi do outro ao lado
que o canto do teu vinho
me põe alegre no teu fado

Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 26/05/2007 10:20  Atualizado: 26/05/2007 10:20
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Mensagens: 4047
 Re: Copo de Vinho
Margarete,

Se eu soubesse cantar o fado, decerto, escolheria este poema para ser cantado por mim.
Verdadeiro fado!

Não te conhecia esta faceta.

Bjs