Eu queria ser católico pra rogar a Nossa Senhora
Que me acuda nesta hora.
Minha vida está pr’um fio, falta-me o ar.
Minha carne está revolta, não consigo respirar.
Ardo em febre, ai de mim que vou ao fundo,
já me sinto a chegar a outro mundo.
Roga por mim, Mãe Santa dos aflitos,
ao criador que sempre ouviu meus ais e gritos.
Que eu sinta a brandura de teu amplexo, de teu amor.
Acalma meu ser, alivia minha dor…
Mas não sou católico, me lembro agora…
só posso valer-me da razão,
e imploro à minha carne, a meu sangue, sem demora
que sigam as leis da criação
Hé células, aminoácidos, membranas, cartilagens!
Não vos deixeis derrotar, expulsai venenos, micróbios inimigos!
Lembrai-vos dos ensinamentos herdados, de vossos códigos antigos!
Vamos viver, não vamos morrer nestas paragens…