As imagens, os sons, os lugares, tudo se volatiliza... Persiste a memória vaga e exasperante, próxima da inexistência...
As lágrimas esqueceram a nitídez da razão do seu chorar, chegam e partem, distantes e amorfas...
Neste amanhecer onde as palavras se esqueceram do sentido, o mêdo e a angústia pesada, calcinaram o sonho, como quem retira a última esperança a um moribundo...
Esta manhã quase nocturna encerra na sua densidade, o indizível que há dentro de nós, como se uma palavra pudesse evitar a implosão de todo o nosso ser...
Cada olhar acentua o vazio deste tempo que não sendo meu, ainda é a única evidência que me liga à terra...
Não sei se estes vestígios de mim, ainda suportam a prova da minha identidade, ou se a sua linha ténue que os suporta, não será apenas ilusória...
Talvez, cada palavra ou gesto se tenha tornado absolutamente inútil e absurdo, talvez, este acto de ensaiar a escrita como quem ainda procura a eternidade, não passe de um grito sem som, onde a minha alma se contorce...
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Barão de Campos
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