Talvez ingenuidade minha, quiçá
Mas há pessoas que pensam que os poetas
São perfeitos no escrever e loucos no pensar
Que colhem trevos de quatro folhas em cada poema
Que escrevem e pensar palavras perfeitas em linhas direitas
Que despenteiam os cabelos a propósito
Para disfarçar misteriosas maleitas
Mas, talvez ingenuidade minha
Ou caloirice nas palavras que deito
Há trevos murchos nos campos
Palavras piores que o meu retrato
E pudessem elas reclamar
E algumas me puniriam pelo trato
Ingenuidade minha, certamente
Pensar que florescem flores em todos os jardins
Ou que não mora pó nos móveis antigos
Ou que o pó mente
Ingenuidade e castigo
Por respirar poesia e fumar
E ingénuo, fechar os olhos e cansar