CONTRADIÇÕES
A Natureza às vezes desconcerta-me
Apesar da seriedade que sempre põe nas suas leis.
É fácil deslumbrar-me com ela,
Que na primavera renasce, floresce
Como que saindo do frio, da morte.
Desconcerta-me constatar que os lírios do campo
Prenhes de simplicidade e beleza
Brotam espontâneos da mãe terra mas vivificadora.
Os próprios pântanos florescem
E da penedia brota numa alegoria impar
O pascal rosmaninho
-Escatológico processo
Que a beleza arranca à fealdade
Parecendo dar lógica ao absurdo.
Misterioso caminho que num ápice
Me transpõe para outros parâmetros
Do insondável mistério que é viver
Mistério que faz com que a vida de uma criança
O brilho dos seus olhos
O despertar da sua inteligência
Possam ser produto de um acaso sem sentido
Sem a marca do amor autentico
Sem o mínimo senso que a paternidade exige.
Neste navegar no mar dos afectos
Na riqueza do bem querer mais profundo
Estranho é que o absurdo
Se sobreponha ao bom senso.
Sim, desconcerta-me que o homem inteligente
Perca o sentido do essencial
Dos valores que dão sentido à vida
Daquilo que verdadeiramente justifica
E dá sentido
Aos mais transparentes propósitos.
Olema