Como me sinto relativamente à relatividade? Excelente questão. A verdade é que me sinto relativamente desconfortável. Primeiro porque estou mal sentado, depois porque a relatividade do próprio conceito me remete para a relatividade propriamente dita. Para que o conceito seja adquirido tem que o ser por palavras, o que por sua vez me remete para a relatividade da palavra em si. O significado da palavra faz sentido se a palavra serve para outras palavras? Quem proferiu a primeira palavra? Levante-se quem proferiu a primeira palavra e proferiu a palavra “levantar”. E já agora quem inaugurou a palavra “proferir”. Acuse-se, se faz favor.
É tudo muito relativo. E eu só sei que estou mal sentado. Mas… será que estou? Será que estou sentado sequer? Isto é um sofá? Sinto o rabo a queixar-se. Quem inventou as personificações?
É mesmo tudo relativo. Estou aqui a divagar se estou mal sentado, ou se quiserem, mal colocado em relação à relatividade, e nem sei se existo. Posso ser o sonho de outra pessoa. Tenho dor? O amor existe? E ainda mais importante, o meu carro existe e o seguro está mesmo em dia? Posso ser produto de um universo paralelo, que até pode nem existir. Ou não. Ou sim. Quem inventou as repetições?
Chamem-me todos os filósofos deste mundo, quero falar com eles e explicar-lhes que este monólogo é menos relativo que as suas teorias…