Tudo o que escrevo,
Além de ser meu,
É de um outro “eu”
Que vagamente descrevo…
Aquele que além de mim
Se enriqueceu de palavras caras
Em sentimentos baratos…
Mas enfim…
Acho que errei,
Ao deixar o “eu” ficcional
Tomar conta da realidade
Da minha escrita.
É assim
Que hoje, não sei ao certo
Quem sou…
Uma voz, igual à minha
Passeia na mente…
Confusão!!!
Tento-a silenciar,
Em vão!
E assim vai dizendo:
-“ “Eu” sou o “tu”
Mas melhorado…”
Silêncio!
Pensei que fosse incomodativo,
Mas não tanto como de novo ouvir
A voz do meu outro “eu”
A me dizer:
- “ Repara bem no chão do pensamento,
Eu sou a sombra de tudo o que mexe
Quando estás parado…
Sou a voz em palavras,
Quando insistes em não falar.
Enquanto dormes, sou eu
Que percorro os portais góticos
Da fantasia
E te vou buscar a inspiração…
Além de por vezes ser engraçado
Apenas ficar quieto, e ver-te dormir…
Ah! Ah! Ah! Que visão!”
Olha a minha sorte!
Até “eu” gozo comigo mesmo
Ou comigo próprio, nem sei…
Estranho por demais,
Conseguir-me ouvir nitidamente,
E não ter o poder de me calar.
Devo estar a meios de enlouquecer
Para variar…
Errei, errei, errei,
Ao não ver mais cedo
que tinha errado,
Ao criar um complemento de mim...
Sim, admito, estou louco,
A dobrar,
Pois só assim se explica
Este estúpido monologo a dois…
Paulo Alves