Deixei os sapatos à porta do quarto vazio
Na esperança de não acordar o silencio
Não funcionou.
Troquei os lençóis na cama
Para ver se a água apagava as memórias
Mas elas permanecem.
Abri a janela de par em par
- apesar da chuva-
Por pensar que o ar levava o cheiro da tua ausência
Não levou
E assim aprendi que ainda que arrancasse o coração
E o deitasse ao vento como um papel em branco,
E ainda que tivesse o poder
De apagar as lembranças que a minha alma
Teimosamente embala,
Tudo seria vão…
Porque a única forma de derrubar as muralhas da saudades
Seria ter (quem sabe já amanhã)
Á porta do quarto
Os teus sapatos poisados
Ao lado dos meus…