Sonetos : 

Tarde no mar

 
A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...

Florbela Espanca


Florbela Espanca
( 08/12/1894 — 08/12/1930)
Autores Clássicos no Luso-Poemas


Open in new window
 
Autor
Florbela Espanca
 
Texto
Data
Leituras
1068
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
9 pontos
1
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/04/2009 21:40  Atualizado: 24/04/2009 21:40
 Re: Tarde no mar
De uma beleza e graça que encanta!

Amei!

Beijos!
Rosa