No inverso de ser eu me aconchego.
Inútil crença em afastar assim as dores!
Se foste o amor entre os sentidos amores,
Advim tarde, já que a ti nunca chego.
Lástima, faço da minha vida um teatro grego.
Tantas cortinas negras que encobrem os esplendores,
Ecos de vozes áridas que se entorpecem em rumores,
E no olhar lágrimas tuas, onde me congrego.
De que serve o choro? A vida é mesmo assim,
Encontrei-te tão altiva, e te perdi!
Rebaixado quedo errante dentro de mim…
Não mais sinto, os recantos do teu adelgaçado cetim!
Oh! E ao contemplar tudo o que por ti em mim consenti,
Não posso e não esqueço o amor que ainda sinto por ti.
Paulo Alves