"22 de abril de 2009, o Brasil fez 509 anos. Essa é a verdade que os livros de história nos contam desde quando não nos damos por gente, e lembramos dela, e bem. Uma das primeiras lembranças primárias relativas a nossa educação é o "Quem descobriu o Brasil?", para respondermos na ponta da língua "Pedro Álvares Cabral". O sentimendo de "nação brasileira" talvez, não tenha sequer 150 anos. Ou seja, o que significa 509 anos, se parece-nos que o Brasil não precisaria de tanto para chegar ao que somos hoje, precários, meio-contentes e conformados? Os primeiros anos de colônia, da Terra de Santa Cruz, foram de intensa exploração e reconhecimento deste território. Não havia nenhum princípio de semear e desenvolver uma nova terra aqui, um novo lar pelos ibéricos; apenas a política egocêntrica de extrair os bens dessas terras desconhecidas, do Novo Mundo, para utilizá-los lá, do outro lado do Oceano. Essa foi a realidade da América Espanhola e da América Portuguesa. De alguma forma, nada disso mudou muito, a diferença é que hoje temos um hino, uma bandeira e muito mais gente habitando estas terras, das planícies amazônicas, passando-se pelos planaltos até os pampas do sul. Em meio a todo o fervor de quase duzentos milhões de habitantes, o Brasil é constatadamente um conglomerado de beleza e de destruição; de vontade e de submissão; que faz de todos nós os mesmos subservientes de nossos antepassados: mudaram os nossos patrões mas a tão sonhada 'promoção' a um país justo, soberano e respeitado ainda são apenas anotações da planilha de desejos de nosso demente, único e corajoso sentimento de 'brasilidade'. Somos soberanos, sim. Temos a nossa moeda, o nosso teritório demarcado, as nossas forças armadas, uma língua, um poder executivo, um poder legislativo, um poder judiciário, uma cultura e várias etnias que fazem de todos que nasceram nesta porção enorme de terra da América do Sul serem conhecidos no mundo como Brasileiros, grafa-se nesta ocasião com as maiúsculas que melhor exprimem a semântica deste substantivo adjetivado. Está no RG e no passaporte. Soberania, então, não é apenas um sonho, mas sim uma realidade, uma realidade carente de outras coisas que não sejam somente batizadas por um grito de independência. Como diz a música Mã, do Tom Zé, "Batiza esse neném, batiza esse neném". Temos os nossos filhos e acompanhamos, de tempos em tempos, novas gerações empurradas com ímpeto de fazer daqui o país do futuro, mas o problema é que em 509 anos parece que vivemos num passado perpétuo, onde o futuro nunca chega ou nunca chegará. O futuro não existe ou talvez sejamos um país que adora espalhar por seu povo - seu maior bem - fantasias que enriquecem os livros de história, os sentimentos de esperança que, por ventura, venham fortalecer aquilo que nos ensinam a nos orgulhar, desde cedo, que é ser brasileiro, com algum orgulho, com algum amor."
Bruno
"A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida." (Vinicius de Moraes)