Por entre o bulício, da cidade grande,
caminhando e tropeçando,
no aglomerado de pessoas
(olhos postos no nada),
deixo minhas desculpas,
pelo desastroso comportamento.
Das poucas pessoas, que me respondem,
reparo assustado e sem palavras,
que todas elas usam máscara,
no lugar de seus rostos,
quais figuras surrealistas e estáticas,
a tudo e a todos, parecendo escarnecer.
Correndo para um espelho e tocando
cada traço de minha cara,
reparo que tudo se mantém normal,
com minha fisionomia.
Duas crianças, segurando balões, olham-me
desconfiadas, expondo suas orelhas de coelho.
E saindo dali, apressadamente, desta, que é uma
alucinação em massa, para onde quer que me volte,
consigo ver, pela primeira vez, a verdadeira face,
das pessoas, em toda a sua intimidade e
verdadeira essência. Algo que eu já não soubesse,
acontecer, em sociedades totalmente vulgarizadas.
Por entre sorrisos, zombaria e menosprezo,
completamente cercado e assediado, por gente,
não me reconhecendo, como um deles, tão
pouco admitindo minha afronta frontal, sou
largado ao acaso, no meio da sujidade, de uma
lixeira, entre cães desesperadamente famintos.
Jorge Humberto
22/04/09