Durante anos vivi de outro eu.
Alguém que de mim se alimentou,
Retirou tudo o que era meu.
A minha dor aumentou.
Lutei contra a minha natureza,
Contra aquilo que sou na verdade.
E nessa tamanha impureza
Assisti ao passar da idade.
E quando me pareceu um pico
De temor, amor e loucura,
Decidi que assim eu não fico!
Decidi-me pela estrada mais dura…
Exausta de tanto lutar contra mim,
De tanto resistir ao que sou,
Chorei, lavei a alma e assim
Guardei o que se passou.
Não no pensamento mas no peito,
Não na razão mas no sentir.
E assim depois deste feito
Não tenho mais resistir.
Carla Veiga Ribeiro