Uns olhares cruzados
Por uns ganhos
E por mais perdidos,
Gelado no calor
A derreter os pólos
De opostos colados,
Encosto simpático
Refriado pela mão
Mais sensata que o braço,
Cavalgada despótica
Com ritmo e compasso
Numa cama de casal,
Há que cumprir o ritual.
Não chamar meretriz a quem o é,
Mas chamar a quem gostaria de ser,
Ser comida por muitos é comer.
Destroçar o pobre inocente,
Parvo e demasiado paciente,
Ser enganado de propósito é ser doente.
Aliviar saliências,
Conquistar cavidades,
Há que cumprir o ritual.
Levar chapada e gostar,
Com a mão pesada a marcar,
Ser pervertido é gozar.
Cavalgar a bem do mal,
Numa cama individual ou de casal,
Há que cumprir o ritual.