Vejo fantasmas de antigos marinheiros. Viajaram por muitas terras e lugares, mas agora estão perdidos.
Fazem a sua última viagem, velejando eternamente em direcção ao pôr-do-sol. Enquanto os seus esqueletos gastos pelo tempo, vagueiam sem rumo pelo convés de um navio esquecido. Ao som hipnótico do canto das sereias. Desejando ardentemente que os seus corações fiquem livres, levados pelo embalar das ondas, numa esperança vã.
Procuram um novo destino que não passa de uma miragem, fazendo-os navegar pelo esquecimento. Procuram esse destino tão arduamente que não reparam nos mistérios do universo, que lhes são revelados em cada maré, como sonhos que vão e vêem.
Serei eu também um destes marinheiros? Navegando perdido pelos mares da vida, buscando uma quimera de fantasia? Enquanto não reparo nas cores do oceano de vida que me rodeia…
Serei…
Talvez um sonho, um acordar!
Sim, acordar. Deixar que este sonho de espectros de marinheiros se dissipe, tal e qual o nevoeiro numa manhã.
Se houver viagem, que siga a sua rota.
Se houver segredos e mistérios, que os descubra e repare neles.
Se houver destino, que o alcance.
“Para amar o abismo é preciso ter asas…”