Dorme a voz, em todas as bocas que já são mudas ou damas casadoiras de palavra cozinhada. Seria fácil dizer que é censura ou, talvez, agressão das canetas às frases sem cura mas, não é. Não é mais do que a anarca, a sempre anã monarca expressão de liberdade sem liberdade de expressão.
Na sua génese, não passa de simples silêncio, de arreigado "dolce fare niente", que percorre a espinha de alto abaixo e volta no sentido inverso, também. Silêncio que se acostuma a sê-lo e, assim, cala a regra mais livre que se diz e que devia ser um dever de todos. Não se trata de um direito, que esses ganham-se.
Calem-se as gentes, por isso! Que não haja o atrevimento de se pensar que se pode falar ou escrever sem que as frases, os textos sejam vestidos de espartilhos. Sê-lo-ão sempre como parte da arte de bem florear, de, com extrema acuidade, ladrilhar o chão que tende a ser movediço.
Não é censura, não senhor. É sedentarismo, vontade inexistente de ser grande, falta de querer correr pelas estrelas. Não, não é censura, é inépcia. Censura seria ter querer e não poder ou ser roubado da voz num assalto violento ao desejo de ser pássaro.
E daí... talvez devesse ser por forma a que houvesse escusa e se aliviasse a culpa de se morrer deitado por conforto mas não é! Definitivamente é o que não é.
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.