Hoje decidi escrever algo. Não tinha grande inspiração mas tinha vontade. E muitas vezes a vontade supera a inspiração. Foi então que reli muita coisa do que tinha escrito e a certa altura um pensamento invadiu a minha mente: “Mais do mesmo”. Ao fim de algum tempo as palavras pareciam-me repetidas, apesar dos temas mudarem, soava-me tudo de forma semelhante. Era como um círculo de assuntos que continuava a chegar ao mesmo início. Tristeza, paixão, fantasia, amor, ódio, raiva, melancolia, loucura, prazer, erotismo, desejo, rebeldia, filosofias, ideais… Sobre tanta coisa tinha escrito, mas acabava sempre por voltar ao mesmo. Tudo diferente, tudo igual. Tudo no mesmo mundo.
Mas afinal, este é o meu mundo. Sobre que mais havia eu de escrever?...
Fez-se silêncio na minha mente. O meu espírito não deu resposta a esta pergunta.
No entanto essa resposta existe. Não é uma opção, é um desejo: “Um mundo novo”…
Eu era o mesmo que havia escrito aquelas coisas, que agora me pareciam gastas, sem vida. Sim, eu era o mesmo. Mas algo havia mudado para que desejasse um mundo novo. Talvez a música no meu coração estivesse mais negra. Talvez… Mas a minha música nunca foi muito branca.
Agora é a parte em deveria dizer: “Se calhar a música no meu coração precisa de ficar mais branca”. Lamento desapontar, mas já provei dessa água e de contos de fada fartei-me rapidamente.
Escapa-me o pensamento não sei para onde…
Reparei que uso muito as reticências, porque atrás das reticências pode vir um infinito… (Bonita frase não é? Já a disse a alguém, mas não surtiu grande efeito!) Mas neste caso não vem infinito nenhum. Pelo menos para já! Por agora vem um vazio.
Que posso eu fazer, para alem deste desabafo? Esperar! Dar tempo ao tempo! Ficar calado.
Talvez não passe de um devaneio. Mais um. E amanhã tudo passe. Talvez chegue à conclusão de que afinal, quando voltar a ler isto, tinha inspiração, não vontade.
“Para amar o abismo é preciso ter asas…”