Sonetos : 

Comércio

 
Tenta agora, chama,
ainda que a musa nunca te oiça;
ofende-a, pica-a...
grita o nome dessa dama
feita de loiça,
que a ti não se dedica.

Não a esperes de graça,
sem nada dares em troca.
aproveita quando ela passa,
quando à tua beira se desloca.

Dá-lhe um molhado beijo na boca
à lasciva e doce e devassa;
e também assim ela te toca,
te ilumina e abraça.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

com a tua musa não pagues com dinheiro, mas com o corpo...
 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/04/2009 12:56  Atualizado: 22/04/2009 12:56
 Re: Comércio
seja ela o que for, se assim aceitar não será considerado assédio. e sendo u'a musa... pagar nem pensar! só com muito jogo de corpo...
Valeu Rogério, gostei do poema/alerta! mais ainda de tê-lo aqui depois desse sumiço todo rapaz.rs

um abraço fraterno poeta.

Silveira