Sem que a distância esperasse fez-se o perto
Do lado de dentro fez-se a parte de fora de repente
O rapaz de tão triste fez-se alegre e sorridente
Do momento, não nada além dele, fez-se o universo
Sem nada perder tem-se tudo e por tudo tem-se nada
Não mais, não menos, um passo além, tem-se o inferno
Da alegria tem-se a última imagem e dela o drama eterno
No calor da alma tem-se a energia que vive a chama
Na solidão de quem ama, cala-se a dor do encanto
E no menor pranto, mora e cala-se o grito infinito
Misturando passado e presente, cala-se o momento
Agora, mais tarde, logo depois, nunca, cala-se o tempo
Em cada encontro, o desencontro, perdia-se um pedaço
Na estrada longa, caminho apertado, perdia-se a essência sua
Visão confusa, olhar profundo e frio, perdia-se no espaço
Cidades cruzadas, esquinas mortas, travessias, perdia-se na rua
Do maior amor o encanto, a magia, a doçura, fez-se a vida
Da vida o dom, o mistério, a mágica do ter, tem-se o eterno
Além do mudo, da fala, o poder da língua, cala-se o imaginário
Nos braços da pessoa amada, na boca, perdia-se em um só corpo
José Veríssimo