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Apito de Saguim

 
Apito de Saguim


Ao de lá, ao de cá.
Menino de todo canto, menino, no assoprar do tempo chegava ligeiro, tal assobio do vento.
Do desencanto, de desacatos, arteiro, tudo ouvia, menos contava, aumentava, incluía.
Sem trancas, eiras, beiras, muitas noites embalou-o o pranto. Mais ajudava, mais sofria.
Na compleição sem tento, na indefinição das roupas dadas, se pouco mostrava, menos corpo havia. Tamanhito assim, no decorrer dos anos ninguém cuidou de merecidos reparos. Descuidado no passado, sem desabroche no sempre, no agora, o futuro não viria.
Submetido a magro cardápio, nos desejos da fome, longe dos regalos das faustas mesas, fez-se conviva do cotidiano. Chegando sorrateiro, a barriga onde apetecia, com o que tivesse enchia.
Chororô, chanchada, ingrisias, moças casadas, bulidas , beatas, com todas proseava, se entendia. Quem a sorte ganhou, perdeu, não teve; Quem preso, fugido, homiziado, banido, caçado, ao de lá, ao de cá, em tudo estava, de todos por demais sabia.
Em todos existia. Por todos sofria.
Fraco miado no oitão da cadeia em noite de lua seca, ouvido ao acaso, foi seu documento.
Sobrenome? Quem que dissesse?
Pai? Mãe? Qualquer!
De todos. De nenhum. Segredo de sete chaves. Tabu sem menção, importância, valia. De todos. De ninguém. Na vivência participada, democrática, anônima, do pouco, muito pouco, pouquíssimo, com todos, tudo repartia.
Avesso, alheio, ausente, sempre, o tempo. Claro, escuro, claro o escuro, escuro só escuro. Sem medos, degredos, limites, pitacos, expectante, silente, silêncios rompia.
Ásperos chãos cruzava, cruzou. mornas pedras, fofas gramas, frias lápides, céleres e pontiagudos espinhos, terras soltas, brancas, vermelhas pisadas com encardidos pés, encalejados e descalços, caminhos soletrando lá e cá.
Se camas deitou em? Olhando curioso balançar de redes dormiu nas? Ao de lá, ao de cá enroscado nos sonhos alguma vez no sono embalou? Pesadelos e incertezas nunca ninguém perguntou.
Tão ali, tão assim. De tudo. De todos, sempre, nunca nele se reparou.
Cheiinha a lua no céu, cheia de cor e luz a lua. O vento cantando no assobiar das arestas, por fios, brechas e frestas, em abertas janelas, hermeticamente aradas, aragem suave cada rosto roçou.
No escuro breu da noite, se viu e sentiu na ausência do assopro não mais ao de lá ao de cá, estar ali o menino. Quem procurou


Apito de Saguim


Ao de lá, ao de cá.
Menino de todo canto, menino, no assoprar do tempo chegava ligeiro, tal assobio do vento.
Do desencanto, de desacatos, arteiro, tudo ouvia, menos contava, aumentava, incluía.
Sem trancas, eiras, beiras, muitas noites embalou-o o pranto. Mais ajudava, mais sofria.
Na compleição sem tento, na indefinição das roupas dadas, se pouco mostrava, menos corpo havia. Tamanhito assim, no decorrer dos anos ninguém cuidou de merecidos reparos. Descuidado no passado, sem desabroche no sempre, no agora, o futuro não viria.
Submetido a magro cardápio, nos desejos da fome, longe dos regalos das faustas mesas, fez-se conviva do cotidiano. Chegando sorrateiro, a barriga onde apetecia, com o que tivesse enchia.
Chororô, chanchada, ingrisias, moças casadas, bulidas , beatas, com todas proseava, se entendia. Quem a sorte ganhou, perdeu, não teve; Quem preso, fugido, homiziado, banido, caçado, ao de lá, ao de cá, em tudo estava, de todos por demais sabia.
Em todos existia. Por todos sofria.
Fraco miado no oitão da cadeia em noite de lua seca, ouvido ao acaso, foi seu documento.
Sobrenome? Quem que dissesse?
Pai? Mãe? Qualquer!
De todos. De nenhum. Segredo de sete chaves. Tabu sem menção, importância, valia. De todos. De ninguém. Na vivência participada, democrática, anônima, do pouco, muito pouco, pouquíssimo, com todos, tudo repartia.
Avesso, alheio, ausente, sempre, o tempo. Claro, escuro, claro o escuro, escuro só escuro. Sem medos, degredos, limites, pitacos, expectante, silente, silêncios rompia.
Ásperos chãos cruzava, cruzou. mornas pedras, fofas gramas, frias lápides, céleres e pontiagudos espinhos, terras soltas, brancas, vermelhas pisadas com encardidos pés, encalejados e descalços, caminhos soletrando lá e cá.
Se camas deitou em? Olhando curioso balançar de redes dormiu nas? Ao de lá, ao de cá enroscado nos sonhos alguma vez no sono embalou? Pesadelos e incertezas nunca ninguém perguntou.
Tão ali, tão assim. De tudo. De todos, sempre, nunca nele se reparou.
Cheiinha a lua no céu, cheia de cor e luz a lua. O vento cantando no assobiar das arestas, por fios, brechas e frestas, em abertas janelas, hermeticamente aradas, aragem suave cada rosto roçou.
No escuro breu da noite, se viu e sentiu na ausência do assopro não mais ao de lá ao de cá, estar ali o menino. Quem procurou












Apito de Saguim


Ao de lá, ao de cá.
Menino de todo canto, menino, no assoprar do tempo chegava ligeiro, tal assobio do vento.
Do desencanto, de desacatos, arteiro, tudo ouvia, menos contava, aumentava, incluía.
Sem trancas, eiras, beiras, muitas noites embalou-o o pranto. Mais ajudava, mais sofria.
Na compleição sem tento, na indefinição das roupas dadas, se pouco mostrava, menos corpo havia. Tamanhito assim, no decorrer dos anos ninguém cuidou de merecidos reparos. Descuidado no passado, sem desabroche no sempre, no agora, o futuro não viria.
Submetido a magro cardápio, nos desejos da fome, longe dos regalos das faustas mesas, fez-se conviva do cotidiano. Chegando sorrateiro, a barriga onde apetecia, com o que tivesse enchia.
Chororô, chanchada, ingrisias, moças casadas, bulidas , beatas, com todas proseava, se entendia. Quem a sorte ganhou, perdeu, não teve; Quem preso, fugido, homiziado, banido, caçado, ao de lá, ao de cá, em tudo estava, de todos por demais sabia.
Em todos existia. Por todos sofria.
Fraco miado no oitão da cadeia em noite de lua seca, ouvido ao acaso, foi seu documento.
Sobrenome? Quem que dissesse?
Pai? Mãe? Qualquer!
De todos. De nenhum. Segredo de sete chaves. Tabu sem menção, importância, valia. De todos. De ninguém. Na vivência participada, democrática, anônima, do pouco, muito pouco, pouquíssimo, com todos, tudo repartia.
Avesso, alheio, ausente, sempre, o tempo. Claro, escuro, claro o escuro, escuro só escuro. Sem medos, degredos, limites, pitacos, expectante, silente, silêncios rompia.
Ásperos chãos cruzava, cruzou. mornas pedras, fofas gramas, frias lápides, céleres e pontiagudos espinhos, terras soltas, brancas, vermelhas pisadas com encardidos pés, encalejados e descalços, caminhos soletrando lá e cá.
Se camas deitou em? Olhando curioso balançar de redes dormiu nas? Ao de lá, ao de cá enroscado nos sonhos alguma vez no sono embalou? Pesadelos e incertezas nunca ninguém perguntou.
Tão ali, tão assim. De tudo. De todos, sempre, nunca nele se reparou.
Cheiinha a lua no céu, cheia de cor e luz a lua. O vento cantando no assobiar das arestas, por fios, brechas e frestas, em abertas janelas, hermeticamente aradas, aragem suave cada rosto roçou.
No escuro breu da noite, se viu e sentiu na ausência do assopro não mais ao de lá ao de cá, estar ali o menino. Quem procurou












Apito de Saguim


Ao de lá, ao de cá.
Menino de todo canto, menino, no assoprar do tempo chegava ligeiro, tal assobio do vento.
Do desencanto, de desacatos, arteiro, tudo ouvia, menos contava, aumentava, incluía.
Sem trancas, eiras, beiras, muitas noites embalou-o o pranto. Mais ajudava, mais sofria.
Na compleição sem tento, na indefinição das roupas dadas, se pouco mostrava, menos corpo havia. Tamanhito assim, no decorrer dos anos ninguém cuidou de merecidos reparos. Descuidado no passado, sem desabroche no sempre, no agora, o futuro não viria.
Submetido a magro cardápio, nos desejos da fome, longe dos regalos das faustas mesas, fez-se conviva do cotidiano. Chegando sorrateiro, a barriga onde apetecia, com o que tivesse enchia.
Chororô, chanchada, ingrisias, moças casadas, bulidas , beatas, com todas proseava, se entendia. Quem a sorte ganhou, perdeu, não teve; Quem preso, fugido, homiziado, banido, caçado, ao de lá, ao de cá, em tudo estava, de todos por demais sabia.
Em todos existia. Por todos sofria.
Fraco miado no oitão da cadeia em noite de lua seca, ouvido ao acaso, foi seu documento.
Sobrenome? Quem que dissesse?
Pai? Mãe? Qualquer!
De todos. De nenhum. Segredo de sete chaves. Tabu sem menção, importância, valia. De todos. De ninguém. Na vivência participada, democrática, anônima, do pouco, muito pouco, pouquíssimo, com todos, tudo repartia.
Avesso, alheio, ausente, sempre, o tempo. Claro, escuro, claro o escuro, escuro só escuro. Sem medos, degredos, limites, pitacos, expectante, silente, silêncios rompia.
Ásperos chãos cruzava, cruzou. mornas pedras, fofas gramas, frias lápides, céleres e pontiagudos espinhos, terras soltas, brancas, vermelhas pisadas com encardidos pés, encalejados e descalços, caminhos soletrando lá e cá.
Se camas deitou em? Olhando curioso balançar de redes dormiu nas? Ao de lá, ao de cá enroscado nos sonhos alguma vez no sono embalou? Pesadelos e incertezas nunca ninguém perguntou.
Tão ali, tão assim. De tudo. De todos, sempre, nunca nele se reparou.
Cheiinha a lua no céu, cheia de cor e luz a lua. O vento cantando no assobiar das arestas, por fios, brechas e frestas, em abertas janelas, hermeticamente aradas, aragem suave cada rosto roçou.
No escuro breu da noite, se viu e sentiu na ausência do assopro não mais ao de lá ao de cá, estar ali o menino. Quem procurou












Apito de Saguim


Ao de lá, ao de cá.
Menino de todo canto, menino, no assoprar do tempo chegava ligeiro, tal assobio do vento.
Do desencanto, de desacatos, arteiro, tudo ouvia, menos contava, aumentava, incluía.
Sem trancas, eiras, beiras, muitas noites embalou-o o pranto. Mais ajudava, mais sofria.
Na compleição sem tento, na indefinição das roupas dadas, se pouco mostrava, menos corpo havia. Tamanhito assim, no decorrer dos anos ninguém cuidou de merecidos reparos. Descuidado no passado, sem desabroche no sempre, no agora, o futuro não viria.
Submetido a magro cardápio, nos desejos da fome, longe dos regalos das faustas mesas, fez-se conviva do cotidiano. Chegando sorrateiro, a barriga onde apetecia, com o que tivesse enchia.
Chororô, chanchada, ingrisias, moças casadas, bulidas , beatas, com todas proseava, se entendia. Quem a sorte ganhou, perdeu, não teve; Quem preso, fugido, homiziado, banido, caçado, ao de lá, ao de cá, em tudo estava, de todos por demais sabia.
Em todos existia. Por todos sofria.
Fraco miado no oitão da cadeia em noite de lua seca, ouvido ao acaso, foi seu documento.
Sobrenome? Quem que dissesse?
Pai? Mãe? Qualquer!
De todos. De nenhum. Segredo de sete chaves. Tabu sem menção, importância, valia. De todos. De ninguém. Na vivência participada, democrática, anônima, do pouco, muito pouco, pouquíssimo, com todos, tudo repartia.
Avesso, alheio, ausente, sempre, o tempo. Claro, escuro, claro o escuro, escuro só escuro. Sem medos, degredos, limites, pitacos, expectante, silente, silêncios rompia.
Ásperos chãos cruzava, cruzou. mornas pedras, fofas gramas, frias lápides, céleres e pontiagudos espinhos, terras soltas, brancas, vermelhas pisadas com encardidos pés, encalejados e descalços, caminhos soletrando lá e cá.
Se camas deitou em? Olhando curioso balançar de redes dormiu nas? Ao de lá, ao de cá enroscado nos sonhos alguma vez no sono embalou? Pesadelos e incertezas nunca ninguém perguntou.
Tão ali, tão assim. De tudo. De todos, sempre, nunca nele se reparou.
Cheiinha a lua no céu, cheia de cor e luz a lua. O vento cantando no assobiar das arestas, por fios, brechas e frestas, em abertas janelas, hermeticamente aradas, aragem suave cada rosto roçou.
No escuro breu da noite, se viu e sentiu na ausência do assopro não mais ao de lá ao de cá, estar ali o menino. Quem procurou ?

- Para Alentajana.























 
Autor
Arretogofaugar
 
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Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 19/04/2009 23:07  Atualizado: 19/04/2009 23:07
Membro de honra
Usuário desde: 08/12/2008
Localidade: Vila Viçosa
Mensagens: 3855
 Re: Apito de Saguim
Obrigado, mas o conto os poemas são para eles os que sofrem, pelo menos isso podemos fazer alertar consciências, é nossa obrigação, deixo outros versos que fiz em Novembro de 2007, beijinhos

Hoje olhei para ti
Menino que moras na rua
Com a dor dentro de mim
Menino de vida nua

Menino que vida a tua
Que vives na escravidão
Já conheces essa rua
Como a palma da tua mão

Onde mendigas o pão
E a fome vais enganando
Onde foges da repressão
E na vida vais andando

Teus olhos estão a gritar
O quanto já sofreste
Ninguém parece notar
Que ainda hoje não comeste….

Antónia RuivoOpen in new window