As luzes brilham sem parar oferecendo-nos reflexos de uma luminosidade fora do comum, como que nos indicando a chegado do terceiro membro do nosso seio, estávamos no ano de 1979, mês de Abril, no seu quarto dia. Dois estados de espírito diferentes: - a alegria pela chegada no nosso fruto que o teu ventre fez singrar e a preocupação pela dificuldade que ele te criou para vislumbrar este novo mundo. Tudo correu a preceito, ou seja o melhor possível para as capacidades hospitalares da época. Foi na Maternidade Magalhães Coutinho, no Hospital da Estefânia.
Assim se reforçou a nossa grandeza, a tia Elvira ficou radiante, e a tua barriga desvaneceu dos quase vinte quilos que acumulou durante aqueles meses de gestação.
Neste cimentar relevante, nesta forma caminhante de uma subida a determinado pulso, se elevaram nossas mentes e mutuamente sorrimos. Naquele exíguo quarto, de um quarto andar, de um antigo prédio, da Rua dos Remédios, em Alfama, mais um habitante regular passava a dormir as noites…e os dias. Foram sempre noites de acalmia, com a excepção de uma, em que passei metade dela acordado e tu a outra metade. Todas as outras foram normais. Ele, também, se tivesse sono, dormia em qualquer lado.
António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...