Menino…
…deixa-me fazer-te um poema branco
como a pureza branca da alma
que vive dentro de ti;
deixa-me ser nos teus eternos sonhos
de criança
a criança que não fui e nem sequer vivi,
sem tiros nem guerras
maiores que aquelas que inventas
quando brincas com os outros meninos
aos domingos no jardim;
deixa-me ser o teu eterno olhar
meigo sem traições
o teu olhar apelativo e dócil
com que algemas corações;
deixa-se ser, menino, isto tudo de bom
branco e puro, e imaculado
que tens dentro de ti;
deixa-me ser isto tudo, menino,
deixa-me embarcar nos teus sonhos
de criança
e ir contigo por aí…
deixa-me purificar a alma impura
a minha alma ímpia de adulto errante
e ficar por dentro completamente nu.
Menino deixa-me ser menino também…
deixa-me ser branco na alma…
…como tu.
do Autor
Publicado na Antologia Escritores Brasileiros e Autores de Língua Portuguesa, 3ª Edição, Agosto 2006 – Editora Ricardo De Benedictis