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Conclusões de Aninha

 
Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.

O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?

Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.


Cora Coralina
( 20/08/1889 — 10/04/1985)
Autores Clássicos no Luso-Poemas
(pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Bretas)

 
Autor
Cora Coralina
 
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Enviado por Tópico
SofiaDuarte
Publicado: 17/04/2009 23:00  Atualizado: 17/04/2009 23:00
Da casa!
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Mensagens: 338
 Re: Conclusões de Aninha
Relamente essa é uma conclusão a que toda a gente devia saber e não ter que aprebdê-la com as desgraças que abatem sobre elas :-S

Abraço,
Espero conseguir seguir tal caminho,
Sofia Duarte