Estes Tempos
(Davys Sousa)
Vêm por estas ruas vigiadas,
Flores devassas, testemunhas desta monótona eclosão de noites
Ao pôr-do-sol, nos bares, nas ruas, nas praças
Gente disfarçada de gente.
Ao dia, clara lentidão de gente,
Correndo, fugindo, caminhando sob olhares aflitos,
Ansiosos, perdidos, loucos, silenciosos sob enigmas
E desconhecimentos, medrosos ao fim da tarde.
Nestes lugares almas solidárias ao vazio da noite,
Amantes enamorando-se sob o plenilúnio
Vedado por desejos, sonhos que não alcançamos.
Na passagem dos dias em noites ásperas,
Bate a saudade de um amigo, de um amor, de uma família.
A lua bate no pensamento do solitário,
Do amante que entrega o seu coração voluntário
A quem se declara culpado por amar,
Querer, sentir entre um abraço forte e próspero.
Mas, ainda sob estas formas de viver
Vêm, as flores devassas, a escuridão e descaramento d’outrem.
As ruas vigiadas,
Nestas ruas, fragmentos dispersos facialmente disfarçados.
Davys Sousa
(Caine)