Minha alma arde no semblante perdido de minha vida Catástrofe inabalável da criação, Morte, curso agonizante, sem esperança, sombrio.
Eu, mônada circunstancial do tempo, vida e morte Sob as dores de parto. Eu, parasita solitário inexperiente, Eu, que transito na variedade inconsciente de mim mesmo, Forja perdida bruta através da vida, Semelhança, medo, dor, efemeridade, divindade e bestidade. Eu, frio espasmo gerado pelas contingências torturantes, Pela furtiva futilidade humana do que sou feito. Eu, filho do estupro, preconceituável, abandonável. Eu, filho do câncer, aborto espontâneo.
Minha carne maltratada pelo voluntário ócio das cousas. Minha alma fragmentada por um ato involuntário Partido da minha fútil designação e fragilidade às cousas. Eu, penoso veneno dispersivo, árvore morta Decompondo-se nas ruínas de seu abandonado “eu”. Fortaleço-me na cólera de meus inimigos, Em mim, os sentidos se perdem e se encontram aos opostos.
Canto o lúrido desencanto que me enterneço Para sempre na euforia acética de minha origem. Canto o mórbido, o irascível medo. Eu, corte exposto sob uma face de sibilino contraste.
As vidas seguem com seus corações partidos Às excessivas formas decadentes. Um rosto disfarçado. As dores mascaradas Pela alma atribulada, friamente, Adormecem e não falam nada.