Poemas : 

Poemas aos Homens do nosso tempo

 



Hilda Hilst
( 21/04/1930 — 04/02/2004)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

Amada vida, minha morte demora.
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.


***********

Ao teu encontro, Homem do meu tempo,
E à espera de que tu prevaleças
À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras,
Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças
E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros,
Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa.
As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei
Minha própria rudeza e o difícil de antes,
Aparências, o amor dilacerado dos homens
Meu próprio amor que é o teu
O mistério dos rios, da terra, da semente.
Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu

Compaixão e ternura e paz na Terra
Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.



(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974) - Poemas aos Homens do nosso Tempo - IX)
[in Poesia: 1959-1979/ Hilda hilst. - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.]
 
Autor
Hilda Hilst
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/04/2009 21:42  Atualizado: 16/04/2009 21:42
 Re: Poemas aos Homens do nosso tempo
A mais bela feminilidade. O mais esclarecido feminismo.

Enviado por Tópico
dionisio dos santos
Publicado: 19/04/2009 00:34  Atualizado: 19/04/2009 00:34
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Mensagens: 5
 Re: Poemas aos Homens do nosso tempo
proponho a volta ao tempo das cavernas, ao tempo das selvas, quando a moral era pura e simples; o tigre-dente-de-sabre, nosso inimigo, facilmente reconhecível e,entre os homens, sabíamos precisar de nossa tribo.
Naquele tempo de clavas e escuridão, navegávamos á solta pelo planeta, com o certo sobreviver e o errado sucumbir claramente marcados em nossos atos. Animais pensantes, apenas, éramos, sem nunca imaginar que nossa perdicão seria nosso próprio sucesso cristalino...