Acorda o corpo elevado em cordas em ascensão,
na lírica beleza do despertar das horas.
No incenso isento de um navio no alto mar.
No ar denso e morno,
nos cheiros graves dos pinhais,
das águas desapegadas do olhar
dos signos outonais,
no risco das rugas plásticas e imprecisas.
Madrugou frio este espaço indiferente
de terra pura
ancorada a píncaros bravios
nos bicos da gaivota dos silêncios.
Vestal dos ventos,
desguarneço-me na expressão
epistolar do corpo,
atravesso nua o portal do tempo.
Ofereço a pele à vaga, ao verbo,
à brisa da palavra.
Na ansiedade.
Na saudade.
No delírio.
Sou eu própria, oferenda, círio.
Quem sou? Que és?
Ondina verde o vocábulo em que me amotino
e me encerro. Acordo rio, no rosto, no vulto,
na forma esfíngica de pássaros de asas de cetim.
Busco-te de novo, no meu corpo, busco-me em ti…
Regresso ao signo.
Ao secular acervo, solitário, magoado,
madrugado em cerdas.
Crinas soltas no brilho galopado do verbo
e no desejo flautista. No fausto d'ametista.
Matinou-se em mim alva ferida
no marulho em murmúrio do mar aqui ao lado,
no sussurro dúctil do teu nome.
Ancorada a píncaros bravios
matinou a Lua ausente de ti, amado.
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