Ninguém me ouve,
Ou alguém que atento me ouça
Dar estes gritos de dor,
Arrancados do fundamento da alma…
É o principio do fim da calma,
O inicio findo da alegria ou do amor…
Não foi alguém que me calou,
Pois ninguém cala com mordaças
A voz que nada diz …
Hoje mais que nunca,
Me incomoda os silêncios concedidos,
Os intervalos de espaço vazios no tempo,
Os dilemas pendentes e descabidos
Onde revejo entregue ao abandono o alento…
Ninguém me avisou,
Do perigo eminente,
Quando ousei excessivamente,
Ébrio, insano, demente,
Amar alguém…
E caí ao rés-do-chão
De todas as emoções,
Desamparado pela circunstancia
Do momento…
A vida correu silenciosa,
Acompanhada por repetidos movimentos.
Vi-me tão fora dos portais do tempo,
Sem consciente consciência,
Sem razão entre as razões,
Nem brisas de uma instância
Divina, que deita-se mãos
Ao vagão do destino, e lhe desse
O empurrão certo…
Esmoreci em mim, só…
Com o ímpeto partido,
Segui o meu intento,
O mal?
Foi não mais o encontrar…
Ninguém me pressentiu
Assim triste!
Hoje!!!
Descreio a existência
De alguém que tivesse boca
Para esta voz que fala alto por entre ecos
Quebrados… Entrego-me
Ás reticências vitais
Onde coloco os inebriados sentidos,
Os restos das poeiras dos sonhos
Outrora consentidos, em mil essências
Concentrados, mas tão dispersos nas iminências
Que sempre ficaram
Para além de mim…
Paulo Alves