Hoje depois do sonho, acordei tão aflito!
Senti partidos os alicerces da vida,
Senti o vazio que separa cada ferida
O som nulo da voz que roça em grito.
Em fogo azul, os desejos tenho escrito!
Inefável ao olhar, como profecia não lida
De uma insondável existência despida
A cavar na alma um trágico Infinito.
E quanto mais da essência se perde,
Mais uma insana dor me segue
No horizonte permitido das distâncias...
Altiva, a saudade não escolhe instâncias
Se deita num intervalo de tempo mas logo se ergue
E me atira ao precipício das eternas ânsias!
Paulo Alves