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Fetal Fatalidade

 
Incontrolável eterno retorno à fetal fatalidade,
riscados riscos do permeável,
do miserabilismo torrencial,
o derrame da lágrima,
do oceano do inexistente,
o arrebatado gradeamento invisível,
do cinzento ejaculado aos arco-íris,
uma telha quebrada…
das flatulências metralhadas às harmónicas maresias,
uma rolha flutuante…
do sumo volátil perdido entre cinzentas cinzas,
um frasco meio vazio…

Impelida consequência da usurpação da essência,
gaiola aberta a céu fechado,
ditirambos de lembranças que não se lembram,
pó de memórias seminalmente não mescláveis,
nos infernos naturais dos paraísos artificiais,
a invisibilidade do vulgo…
nas torneiras enxutas uma humidade banhada,
o atavismo libidinoso…
cemitério dos viventes adornantes de luminescentes velórios,
o verso do inverso…

Estreitos na aridez pregados em aridez de estreitezas,
vómitos temperados no intelecto,
dançantes no lodo da ascética sarjeta,
trampolins nas faúlhas do ruído,
esvoaçamento subterrâneo revisitado em ruínas de estrelas,
incontornável eterno retorno à letal fetalidade.

© BM Resende
 
Autor
Bruno Miguel Resende
 
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