Nas calçadas a lama acumula-se,palpita nos passos arriscados.
Nas fendas do abandono sorve o calor sujo do sol morrendo.
Plúmbea lágrima na intocada torre.
Crianças desenvoltas em risadas que suportam a pobreza
Estampada em belos olhos azuis apagados.
Um cortesã fuma ao meu lado,alta e magra,flavos cachos na tez lívida.
O nublado alvor de seus lábios convida fumaça e fúria.
Observa ao longe mirando a frente.
Acendo o meu e de esguelha atrevo-me a contemplar os seios pequenos.
Mamilos que despontam como em cárcere que vislumbra
Onde o tecido amarelo não permite mais que confortável abraço protetor.
Quase adolescentes em madura mulher.
Casas de azulejos portugueses,portões de campos e coletivos massacres.
Defeca na rua o insano enquanto arrasa o muro partido,mas distante,junto aos viciados trópregos.
Bicicletas e estudantes voltam,infantes de cores diversas.
A dama entabula prosaica conversa mas não presto atenção.
Pernas bem feitas ainda que manchas insistam por prematuro vício.
Pés delicados de Venus imortal.
Nos olhos concentro a sintonia de dois tristes nostálgicos.
Jovens perdidos na lembrança do jamais sonhado ou vivido
Encontrando o aguardado carinho na chuva que desaba,atinge bruta a janela.
Cala a criança,cerra a porta,ceifa o mendigo e a merda.
Viola esplendor solar,claridade diáfana cinza.
Entramos,tímido a sigo.
Na cama quente o afago sincero e o cigarro pendente
Nos corpos unidos,no desejo a confissão ardente,do já conhecido anelo pueril,espontaneo e profundo.
Espreitando o acaso de uma palavra.
A esperança,satisfeita não apenas pelo gozo pulcro,indomito frêmito.
Acima do altar em modesto recanto,acreditar novamente,
Usufruir da afeição que apenas os calmos decadentes
Ofertam em mútua necessidade sagrada,atenção e sexo na tarde nublada.
Sorriem as crianças.