Em busca da sabedoria...
E sem mais ser, sermos por isso seres melhores!
Apesar de ser uma "virtude" que se alcança apenas no final da vida, a sabedoria não está ao alcance de todos nós, a idade, não é por si só a garantia de vir a alcançar esta capacidade. No entanto sabemos que crescer, amadurecer tem essa coisa boa, que é a possibilidade de nos tornar uma pessoa com sabedoria.
Alguns anos atrás, não acreditava que os mais velhos pudessem me ensinar grande coisa sobre a vida, embora tivessem vivido mais que eu.
Estava decidida a aprender por mim própria, sem referências ou receitas. Hoje já não penso assim, apesar de continuar a querer aprender com as minhas próprias experiência, considero os conselhos dos mais velhos importantes. Esta mudança de atitude poderá ficar a dever-se ao facto de descobrir, na prática que aquilo que diziam tinha fundamento ou simplesmente porque cresci e mudei. Seja qual for o motivo, a verdade é que as muitas coisas aconteciam tal e qual como haviam previsto.
Há uma sabedoria nos mais velhos que pode ser útil aos jovens, mesmo sabendo que durante muito tempo os mais novos não estão receptivos aos que os mais velhos têm para nos ensinar, isto não constitui um verdadeiro problema, faz parte do processo natural de aprendizagem.
Ao longo da infância e praticamente toda a adolescência, os jovens precisam da experimentação para poderem validar o conhecimento. A mudança, regra geral, só acontece mais tarde, com o desenvolvimento e com a idade, a elaboração mental, permite-nos distanciar do estádio primário relacionado com a experimentação, com o ver e com os sentidos, começamos por desenvolver um sentido mais simbólico de pensamento. Ou seja, deixamos de precisar de ter as coisas presentes para pensar nelas ou saber que existem. É por esta altura que provavelmente a sabedoria dos mais velhos passa a ter mais atenção do jovem adulto.
A sabedoria é um conceito complexo, é difícil teorizar, embora se perceba claramente quando está presente.
A sabedoria é uma competência de comportamento e sentido da vida, os indivíduos dotados desta "virtude" já sabem claramente, o que é importante na vida, as pessoas com esta capacidade usam a inteligência na procura de um bem comum, equilibram os seus próprios interesses com os dos outros e com a comunidade.Com esta atitude os objectivos a alcançar são muito além dos interesses pessoais.
A sabedoria quando colocada ao serviço pessoal, não passa de ser manipulação, perturbação e maldade.
Apesar de ser um conceito universal, expressa-se de forma diferente conforme a cultura, o tempo, as gerações e o meio. Só assim se compreende o peso de certas figuras que chegam até nós, apontadas como ícones de sabedoria. Desde o curandeiro de uma aldeia do interior, ao feiticeiro de uma aldeia do outro lado do mundo. Para nós, que vemos a sabedoria num contexto ocidentalizado, isto poderá parecer vigarice pura, já que temos outro sistema de crenças e outra forma de explicar o mundo, mas a ideia que até o conceito de sabedoria vai evoluindo no tempo parece ser uma certeza. Hoje valorizamos muitas coisas que séculos atrás não eram minimamente valorizado.
A sabedoria não é pois uma elaboração mental, uma filosofia, não é inteligência nem conhecimento, ainda que possamos a encontrar na dependência das duas últimas.
Uma pessoa pode ter uma inteligência fluida, cristalizada, isto é, saber muitas coisas, ser ágil, ter um raciocínio lógico, ou matemático, e depois faltar-lhe outro aspecto que integra o conceito de sabedoria, que é o sentido prático e globalizante de forma a tomar decisões. Não chega ser um bom teórico, ter adquirido conhecimentos profundos, ter uma boa articulação de ideias, se não tiver uma boa pragmática da vida, senão tiver constatado o que aprendeu na prática.
Uma pessoa com sabedoria é aquela que respeitando a diferença e as variações, não perde a noção daquilo que é essencial na vida.
Esta ausência de"experimentação sobre os aspectos pragmáticos da vida" poderá explicar porque razão muitos de nós, embora inteligentes por vezes andamos à deriva e somos tão incautos.
As pessoas inteligentes e com conhecimentos estão particularmente susceptíveis a determinadas falácias, tais como o egocentrismo, a omnisciência, a omnipotência e a invulnerabilidade, são sobretudo os sentimentos de que nada lhes pode tocar, porque estão acima de tudo aquilo que leva uma pessoa a perder-se e a tomar atitudes por vezes pouco producentes e a trabalhar no sentido oposto à sabedoria.
Já percebemos que a sabedoria é algo que sem estar directamente relacionada com os vários factores aqui apontados, deles depende, quer de factores a nível cognitivo, quer de factores a nível sócio - emocional.
Segundo uma equipa de investigadores da escola alemã, coordenada pelo psicólogo Paul Baltes , existe dois estilos cognitivos relacionados com a sabedoria: o judicial, que tem a ver com a utilização de avaliação do tipo comparativa e de julgamento; e o progressivo porque põe em causa as regras estabelecidas.
As pessoas que usam a comparação e não se assustam com a ambiguidade estarão mais próximas de alcançar a sabedoria. São pessoas que vão mais além, por isso podem vir a formular novas regras, novas formas de pensar e agir.
Quanto à criatividade, permite olhar e explicar as coisas de forma diferente, inovadora. Joga com o pensamento dedutivo e indutivo.
Os níveis de sabedoria aumentam bruscamente durante a adolescência e a idade adulta jovem, entre os 15 e os 25 anos, mantendo-se relativamente estáveis entre os 25 e os 75 anos, sendo o pico entre os 50 e os 60 anos, segundo alguns investigadores. Porém a partir dos 75 anos poderá entrar em declínio, facto que se fica a dever à perda de competências da própria vida, tal como a falta de memória, audição, visão...mas não desesperemos, paralelamente à busca da sabedoria, procuremos o "Santo Graal"
E sem mais ser, sermos por isso, seres melhores e mais felizes.
Fontes:
"Porque é que as Pessoas Espertas Podem Ser tão Estúpidas"
Strenberg
"In Handbook of Positive Psychology"
C.R. Snyder and Shane J.Lopez (Oxford University)
"Nunca desista dos seus sonhos"
Augusto Cury
" An ye harm none, do what ye will "