Regresso
e desço a montanha do vento em ventania.
Esta em que as folhas dos lilases têm sortilégios
cor de enxofre.
Onde os vigores doridos pelos tempos
da antemanhã se escorrem lentos em cantos bélicos
na boca da saliva de auroras indecisas.
Nas veias e nos epitáfios arrolados das pedras angulares.
Desço descalça os lugares
onde jazem monstros enterrados em noites cruas de luar.
Regresso
no silêncio do verbo medievo
no vácuo abstracto, no sub-solo, no substrato
cavernoso das raízes em putrefacção.
Em busca d'olfactos, dos cheiros. De espigueiros -
os que me preenchem lembranças -, aguarelas,
serras, montanhas amarelas.
Regresso
neste cântico ousado e profano, neste canto pagão,
a esta porta transfronteiriça entre o hoje e o amanhã.
Regresso a passo lento à utopia, à visão.
... Que não existe em mim espaço a um só passo
se não sinto sobre este macilento ombro
o conforto absoluto da tua mão.
Tu és o meu sonho.
O peito vasto, franco, aberto, adivinhado oferto,
onde regresso quando o medo é abutre, gavião!
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