Mais um dia

''É apenas mais uma dia, é mais um momento no meu quarto, é apenas mais um momento a relembrar o passado. No meu quarto apenas tenho livros á volta, alguns posters de idolos meus. As paredes cremes estão sujas, nalguns cantos do meu quarto, oiço algumas gotas de água a cair e entranhando-se no chão, apodrecendo o soalho de madeira. A contracenar com aquele ambiente as memórias que relembro do passado que me aparecem turvas.
Estou para ali abandonado, deixado sozinho, sem nada para fazer, sem nada que me entretenha. Fora da divisão em que me encontro, oiço vozes familiares, pedindo-me para sair mas apenas dizem ''Tens uma visita!''. Apresso-me a sair daquela divisão deprimente. Sem esperanças de que goste da tal visita, sigo em frente. com uma das mãos abro a porta. Uma réstia de luz ilumina o lugar escuro em que estava. Á minha frente, os meus pais, que vestiam umas roupas mais formais que o habitual disseram apenas ''Vamos sair, juizo!'' e mostraram um sorriso. Abriram a porta com uns vitrais de várias cores berrantes e sairam.
Na minha cabeça, ouvi uma voz que me relembrou dessa tal visita, ''quem seria?''. Virei costas á porta da rua e entrei na minha cozinha, na mesa um prato com comida, arrefecia lentamente emanando um suave cheiro. Fui para a sala ver um pouco de televisão, ''talvez aquilo me anime'', pensei. Num impulso inexplicável, movi a cabeça e encontrei uma cara familiar. O meu coração bateu mais forte.
Eras tu, desta vez vestias uma camisola larga, que deixava transparecer a tua bela silhueta, somente perfeita. O teu cabelo castanho estava fixo com um gancho que condizia com as tuas roupas. Um largo sorriso na cara quando me viste me mostras-te. A ti me desloquei, um impulso incontrolável de me ajoelhar e a tua mão beijar eu tive. Apenas te limitas-te a continuar a sorrir. A teu lado logo me sentei, fiquei a olhar para ti, no instante já estavamos abraçados a trocar torridos e ternos beijos. Com as minhas mãos com elas senti-te, fi-las percorrer o teu corpo até ao teu cabelo, puxei-o para o lado e, num instante, aproximei a minha cara da tua, os nossos lábios tocaram-se, soaram como musica. senti-me tão bem com esse gesto.
Estivemos ali vários minutos, muito juntos a partilhar o calor do corpo de cada um. Levantei-me, peguei na tua mão, acompanhei-te até ao meu quarto, durante aquele tempo em que ali estiveste comigo, não me importei com o aspecto dele, nem de como era. O importante era estares ali. Deitei-me a teu lado, a contemplar o tecto daquela divisão. As nossas cabeças viraram-se para o mesmo lado, num gesto suave, moveste a cabeça um pouco e com os teus lábios nos meus tocaste, fechei os olhos, apenas para saborear aquele momento só contigo.
O relógio de parede tocou, eram sete horas, levantámo-nos e levei-te á saida. Com um beijo rápido nos despedimos dizendo ''Até á próxima!''.