E se Jesus, a crer que ele existiu (e eu creio, acreditem…) viesse ao mundo hoje? E se Jesus não fosse o messias? Sim, o anunciado no velho testamento, aquele que constitui a promessa perene e constante dos velhos livros e dos antigos profetas. E se esse não fosse mais que um enviado para anunciar a sua chegada? E esse messias não terá já nascido nos braços de uma preta morta de fome com os úberes secos sem leite para dar ao “bem-aventurado”. E será ele bem-aventurado se na hora de nascimento já é negro e filho de uma negra que não tem como o alimentar? E será que não estaria no ventre de uma qualquer bruxa condenada á fogueira pela inquisição? Herege… Direis vós… mas porque é que tenho de acreditar que Maria concebeu sem culpa nem pecado e pensar ao mesmo tempo que se ela tem concebido 1500 anos depois, era queimada na fogueira por bruxaria, ou o que pensam que os Torquemadas de ontem e os de então diriam perante tal milagre, ainda por cima com o anjo da anunciação em forma de pomba branca? Ou os Bórgias santificavam-se de imediato? Ou o cardeal Ratzinger renunciaria ao seu apostolado anti- apostólico? E se Jesus fosse a Fátima? Não expulsaria os vendilhões do templo? Cristo caminhou para a Cruz, descalço, envolto em sangue com o madeiro do martírio às costas… O papa ao celebrar a via-sacra fá-lo-á calçado de sapato Prada, bem penteado e ornamentado de ouro. Mas será que o rebanho que o segue não percebe essas incongruências? Mas porque será que os Pios que o seguem não ouvem as palavras do antigo testamento que diz: “não adorarás imagens”, e ajoelham e banzem-se á simples passagem de umas alminhas graníticas em beira de estrada? Mas que tipo de religião é que seguem? A da bíblia, livro sagrado, ou a do cardeal que condenou á fogueira inúmeros padres que se atreveram a falar, a interrogar… será que a igreja católica lhes pedirá desculpa, como fez aos judeus? E porque ainda não pediu desculpa aos índios e negros por só em meados do sec. XVII ter reconhecido a existência de alma a tão incongruentes criaturas que até andavam nus? Sim…porque até aí matar um porco ou um negro era exactamente a mesma coisa para a “santa” igreja… e mesmo depois disso só em meados do séc. XIX é que a igreja condena de forma aberta a escravatura. Isto apesar de todos nos lembrarmos das jornas de antes do 25 de Abril de um povo esfomeado nas quintas dos “Sôr Abades” em troca de um prato de comida.
É muito bonito falar de Jesus, mas a mensagem diluí-se no tempo e hoje os trovadores dessas mensagens dizem-na da forma que lhes convém aos seus interesses e ideologias ou será que muitos não sabem que o antigo testamento de uma forma geral é comum á religião cristã, católica, judia e até muçulmana? Pois é… o Alcorão tem muitas passagens e livros comuns á bíblia, como o Génesis, o Êxodo, quase todos os Salmos, ou vocês quando vêm os miúdos nas madrassas a agitar a cabeça para trás e para frente acham que eles estão a recitar o quê? Ou os judeus diante do muro das lamentações? Pois… é os salmos que eles recitam. Como dizia Marx (não sou adepto do individuo), a religião é o ópio do povo…