ÚLTIMO DEGRAU
Nós os deste tempo, os que vivemos na sociedade industrializada (porque nem todos aí vivem), estamos seguros de que somos o homem moderno, esse que atingiu o patamar da civilização. Somos ou julgamos ser a geração para quem estava reservada a chance de se cruzar com a técnica, tratá-la por tu e colher todos os dividendos imagináveis.
Os segredos do Cosmos estão desvendados e já não há ficção porque a realidade definitivamente a ultrapassou.
O homem parece estar de facto em vésperas de descobrir um novo tipo de “pólvora” capaz de lhe eternizar a juventude e até de o fazer recuar no tempo. Há já experiências que apontam nesse sentido…
Mas há aqui uma questão curiosa:
É que o homem civilizado de há 100 anos pensava exactamente o mesmo. Foi aos olhos dele que deflagrou o “núcleo” da Ciência de cujas benesses usufruímos agora e, consciente do trabalho da Descoberta, aprestou-se a vestir o paletó do orgulho da geração incumbida de fechar a porta da historia, uma vez que a partir daí tudo seria estrada para os homens e os enigmas, as interrogações, passariam a ter resposta pronta.
Entretanto, ao que parece, as janelas continuam a abrir-se aos olhos da mortal criatura por génio que seja, novos e cada vez mais desconcertantes mundos se lhe oferecendo, seja para seu desencanto ou deslumbramento.
Agora já, em plena estrada do Sec. XXI, não será insensato “esperarmos” pelo que nos dizem os nossos netos. Aliás, talvez já os nossos filhos tenham coisas para nos contar e nos surpreender.