De uma montanha azulada de minas, bem desconfiado
Só enxergo outras montanhas azuladas de Minas, à frente
Mais parecem ondas azuis do mar, tento pegar em cada uma
Só tenho as mãos e me perco em tantas ondas, tanto azul
De cima de uma montanha fico bem pertinho do céu também azul
Céu azul ou prata que me faz bem perto de Deus, de todas as cores
Com a ponta do dedo toco no céu e todas as nuvens se derretem
E vou pelo caminho do sol, com passos leves, com passos de anjos
Serra pra descer, serra pra subir; dormir na montanha, ao vento, na chuva
Envolvido em cobertores de ouro, aquecido por tantos metais, é tão bom
Cercado por serras, bebendo água da mina, pulmão cheio de ar puro
Pés no chão da história, das artes, dos poetas e dos bravos matutos
Montanhas de tantas alturas, estradas de tantas curvas, belas moças
Fico tonto quando estou nas alturas, vou lento pelas curvas, de belas moças
Corpos que oferecem a paz, bocas que pintam a arte do amar pelas montanhas
De cada arte um filho, de cada montanha a cama e de todas, a cama e a vida.
Caminhando pelas montanhas azuladas de Minas encontro amigos
De Minas e de outros lugares, nunca perdi um amigo pelas montanhas
Encontro moças que rolaram, chamada Mantiqueira ou Caparaó
Piedade Canastra, Saudade nem tanto, presas num Curral Del Rei.
José Veríssimo