procuro-te
no raio de sol que me esperta
na seiva de orvalho a gotejar no vidro
na transparência da lágrima que se não detém
procuro-te
no passado lançado no fundo das planícies
no sorriso esmorecido nos meus lábios
na mão que implora em pleno vento
procuro-te
no meu presente íngreme e escarpado
rasgado de vielas desamparadas
escrito em sombrias furnas de olvido
procuro-te
em oásis que invento em mim
fulgurantes de fantasias deléveis
e em lagos translúcidos de ti
tão de ti
vulto etéreo de contornos impalpáveis
que escoas como bruma em meus abraços
A.