Poemas : 

Angústia

 
Nasci.
Num dia nebuloso e frio. De neve.
E, com o meu nascimento
todas as coisas más nasceram.

Não culpo deus (se o há) nem ninguém.
Eu sou a própria causa do mal
e da totalidade das coisas más
também!

Ninguém se aproxime de mim
que fica contaminado.
Na noite de inverno em que fui parido
fecharam-se as portas do céu
(se o havia)
e abriu-se com estrondo e dor
a residência do diabo.

Nenhuma estrela permanecia no céu
nesta noite negra, cerrada.
Assim hei-de morrer um dia sem luz
suicidado pelo tédio
que me legou o nada.

Perdoem-me
se ao mundo leguei apenas
dor e tédio.
Queimem-me, já sem préstimo, as ossadas.
Nem uma amostra de mim
exista depois da minha morte.
Tudo desapareça nas minhas cinzas
queimadas.

Nenhuma estrela permaneça no céu
na noite em que eu morrer
também.
Nem a noite permaneça sequer.
Morra a soma de todo o universo.
Deixe de nascer o filho que é gerado
no ventre da mãe.

Reduza-se tudo a pó.
O presente. A história, o passado.
Não haja futuro também.
Morra tudo comigo. Apague-se tudo de vez
que para bem do universo
só lego o Nada a ninguém

do Autor a integrar "do Meu Grito em Revolta"


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Autor
AlvaroGiesta
 
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Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 04/04/2009 09:36  Atualizado: 04/04/2009 09:36
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: Angústia
Prazer em conhecer um pouco dos eu grito de revolta... Uma mensagem que vai de encontro ao sentimento que aqui e ali invade o intimo de cada um dee nós. Oportunidade para enviar um abraçooo - deste recém chegado - desde as Caldas! Abílio