O sol estava forte, como há muito não se fazia sentir. O calor marcava a sua presença dando o mote aos sentidos para se elevarem na sua súmula existência...
Sentia-se o aroma a Primavera, um remoinho de vida consagrada num belo quadro vivo onde reinavam as cores mais exóticas que as nossas pupilas conseguem absorver, tomar para si.
No meio de tanta singular beleza, lá estavas tu ao fundo junto ao suave embate das ondas que teimavam em acariciar-te os pés desnudos com pequenos cristais de areia em frenesim na espuma branca de mar... o teu olhar fundido no horizonte remava contra a sua corrente ... tornavas aquele azul único no espelho da tua alma e tentavas encontrar o teu sorriso que um dia lá deixaste naufragar ...
Parecias aguardar, que o mar to devolvesse naquela garrafa nele jogada com um escrito de circunstância no seu interior, onde gravaste o meu nome com lágrimas de saudade, na esperança que o acaso ou o destino nos voltasse a unir.
Ritual de tantos dias desenhado na praia onde o tu e eu éramos nós, nos passeios em que cruzávamos aquele jardim de areia branca, perfumada pelo oceano onde deixávamos as nossas pegadas jogadas na efemeridade da próxima vaga.
A brisa que revolve as águas transfere as ondas para o teu cabelo transformando-o numa continuidade daquele verde profundo do atlântico, levantas e desenhas um coração na areia molhada e moldas um baixo-relevo da tua mão deixando o espaço para a minha que teima em não aparecer. Voltas costas e partes para regressares no dia seguinte reescrevendo a história uma e outra vez, um ciclo, uma corrente que não queres quebrar, que não podes quebrar como se sentisses que a tua vida dependesse disso.
Um certo dia a praia sentiu a tua falta, as gaivotas vieram para a costa para te procurar, aquela paisagem não era a mesma sem ti... o Sol alçou os seus braços no mais alto do mais alto para deixar todos os recantos iluminados, mas nem rasto de ti...
Triste o sol escondeu-se, deu lugar a uma onda de nuvens cinzentas que clamavam pela tua presença... e choravam a tua ausência. O mar rodopiou em estranha agitação revolveu todo o seu ser, gritou e gritou uma e outra vez o teu nome sempre que as ondas irrompiam violentamente contra aquelas rochas que marcavam a costa e nada...nenhum rasto de ti!
Um tímido raio de Sol embate em algo que parecia querer devolver a sua luz... um sinal...um apelo... curiosa a brisa passou, era a garrafa que parecia timidamente mostrar no seu interior algo. Então a brisa deu lugar ao vento senhor dos ares que norteou toda a sua pujança para aquele reluzente objecto que de tão fortemente projectado se quebrou... parindo algo do seu interior...
Uma última grande vaga conduziu aquele pedaço de esperança para o areal, toda a natura que tanto te amava ficou perplexa quando contemplou que onde existia antes um único nome, tinha surgido também o teu, estavam estranhamente entrelaçados pela tinta que entretanto se tinha dispersado pelo papel molhado.
A natureza abençoo aquela união especial honrando a sua memória, o Sol voltou a brilhar lá no alto iluminando o caminho final e a brisa entregou aquele singelo testemunho ao mar de onde tinha saído para aqueles dois nomes...dois sentires... dois amantes iniciarem um novo ciclo.
Beijos e Abraços
Das Chamas Do Fénix