Nefelibata me chamaram,
Inserindo num contexto.
Logo com pompa e circunstância,
Sem demora,
Foi assumido por mim este epíteto,
Pois até me pareceu poético.
Aceitando o desafio,
Que tal designação me traria,
Parti de novo,
Levada pela vontade do meu coração,
Que é o único que me move.
Partindo sem asas,
Aceitando o mote que me deram,
Voei a caminho da ideia do Paraíso,
Que é uma daquelas que atrai gente como eu,
Mas que a mim em particular,
Me consola.
Sem qualquer subtileza,
Com um travo a desafio,
Passo a pente fino a vida,
E cá estou de novo então,
De asas ao vento,
De cabeleira despenteada,
Pendurada na vassourinha da bruxa,
A quem peço emprestada.
Para que não fique o texto incompleto,
Um pouco mais erudito,
E não apenas tocado de leve pela graça,
De modo mais explícito,
Nefelibata, nubívago,
É aquele que anda nas nuvens,
E que ninguém agarra,
Ainda que muito o queira.
Nefelibata,
Assim me quero eu,
Pois tenho deveras um pretexto,
De poder dizer,
Com voz ingénua,
Desculpe,não ouvi,
Não estava por aqui...
Vou de imediato para o céu,
Num abrir e fechar de olhos,
Por entre as nuvens e o sonho,
Porque deste modo ninguém me apanha.
Isto de ganhar mais idade,
Também nos traz alguma vantagem.
Uma,
É poder dizer o que pensamos,
Sem receio de cair em desgraça.
Outra,
De forma mais restrita,
É poder fingir que se é poeta,
Pois a esses ninguém leva a sério,
Disso, tenho a certeza.
Apenas quando morrem,
A alguns, erguem uma estátua,
A outros, o seu nome ilustram,
Num compêndio de leitura,
Destinado à criançada.
Até mesmo assim,
Deixem que vos convença,
Só um poeta com verve o consegue.
Segura de meus propósitos,
Não deixo cair em mãos alheias,
Minhas congeminações e talentos,
Apenas nas mãos dos anjos.
Beatriz, assim me chamo,
Nefelibata,
A partir de agora,
Será pois, meus senhores,
Levado muito a sério,
Meu pseudónimo.
Beatriz Barroso