Todo dia ele acorda cedo,
Pede panqueca e ovos com bacon,
E estala dois beijos molhados
Na esposa maquiada e anoréxica.
Que ocupa o quarto ao lado.
Os filhos musculosos e bronzeados,
Impacientes espreitam a chegada,
Dos cheques semanais vultuosos,
Típico dos playboys dadivosos
Que recebem uma gorda mesada.
E contrariando a sua natureza,
O pai finge ouvir o que eles falam,
Distribui sorrisos aos empregados,
Enquanto pede que preparem o carro.
Carismático, safo e dissimulado
Alegra-se quando não avista o vizinho de frente
Que o obrigaria a comportar-se como um lorde,
Tão treinado e personalizado...
Bem mimado desde a tenra infância,
Senhor dos gestos e circunstâncias,
Com o porte de rei e a colônia inglesa,
Caminha apressado com destreza,
Dirigindo o carro alto e platinado,
Para chegar a tempo de vender a alma
E negociá-la muitas vezes para consumir,
Consumir muito...consumir muito...
Coisas úteis ou inúteis, nas cores preta ou prata.
Até que chegue o fim de tarde e o happy-hour,
O scotch entre os seus pares
Desanuviará as mentes de quem não enfarta,
Eles conversarão sobre o mercado
A bancarrota dos tolos imolados
A voracidade da amante
As novidades do implante
Os lobbys e as regras estabelecidas
Entorpecidos, vaidosos e infantis
Esperarão por outro dia, sem emoção
Brindando a boemia nos pubs importados
Fartos, sob o comando da compulsão
Tem kani, aí? (Quer saber o homenzarrão...)
E tome polca... e tome vodka...
(Aceita mais um drink, irmão?)
Tome outro gole, viva bem a vida
Que este aqui é um mundo cão...
E como não...
Nina Araújo e Pat Borato.
O poeta Walmar Belarmino assim diz:
“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO ...