Deitado nessa cama, no leito doce e frio da madrugada
Meus pensamentos voam inertes, em direção do nunca
Em direção do nada. No mesmo instante, em que minh'alma
Se esvai, de meus olhos vazios uma gota de sangue cai
E se congela no tempo, na vastidão dos seus presságios
Sinto a brisa leve da morte me envolver em seus braços
E me entrego completo, à Dama de Negro desconhecida
E em tal momento eu me perguntaste: o que mais provei
Dessa vida? Talvez mágoas, desilusão, rancor e solidão
Esses foram os diretores que redigiram um fim em minha
Vida de antemão. Agora do alto desse penhasco sombroso
Eu desato as feridas que me manteram preso a esse catre
E mergulho no firmamento, na imensidão do espaço
Onde a energia daqueles que morreram, rodopiam
Feito pássaros. E me sinto leve, suave, pávido e colosso
E ainda, vão ter quem especule: Este sucumbiu ao féu
Vil e torpe de depressão, tédio, hipocrisia e Desgosto.
Mas podem maldizer. As trevas são o refúgio da alma.