Uma folha em branco. Pura e assustadoramente vazia.
É assim o meu acordar para o Mundo exterior.
Tento descobrir o que fazer, o que dizer, o que escrever nesta página alva e ansiosa.
O receio de borrar a pintura continua a fazer com que tantos momentos passem vazios de cor e se quedem sem memória num passado que nunca chegou a acontecer.
Olhos carentes e desejosos queimam-me o ego e tenho tendência a esconder-me bem fundo.
Evitando a própria fuga forço-me a enfrentar as vontades alheias na tentativa de entender aquilo que me rodeia.
Vã e penosa tarefa que sempre mutando depende de tudo e de todos. Escorada em motivos, emoções e prespectivas pessoais a Realidade é multipla e intransmissível e a solidão sempre fará parte de nós.
Certo de que amanhã nova folha terei, aproveito esta para esboçar infantis e sorridentes futuros.
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.